Eu me vejo de cabelos brancos,sentadinha em uma cadeira em movimento vem-e-vai e sobretudo,escrevendo.
(Ana Stefana Lisboa)
domingo, 19 de dezembro de 2010
O Colecionador de Balas
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Questiono porque pudera
quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Tão nosso
Encontrava-me ali,muito bem acompanhada - por sinal.Era verão no Rio,e o sol radiante juntamente com as nuvens brancas como o algodão,analizavam o nosso amor - lá do alto - com um olhar crítico.Questionavam entre si,a veracidade deste sentimento.Enquanto nós,meu amor,passeávamos livremente dentre as flores avermelaranjadas caídas nesta grama fina e esverdeada.Seu cabelo espinhoso,mãos e rosto macios,meu cabelo liso e brincos pendurados;já não sei mais o que é seu e o que é meu.É tudo tão nosso,nosso amor,nossos gestos e olhares.Tornamo-nos uma única pessoa caracterizadas com quaisquer pronome possessivo: nosso,nosso,nosso.
Foto : Thienny Tamis e Lincoln Thomaz
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Adeus,amor
- Amor,vem mimi,logo!
- Tô indo,Ana - respondia seco
- Olha,vou te esperar,hein!
Sempre foi atenciosa,só pregava os olhos quando sentia meu corpo grudado ao seu.Foi um grande amor que arrumou as suas malas na calada da noite sem deixar quaisquer aviso prévio,nem ao menos uma lembrança na cabeceira da nossa cama.Terminou sem despedidas.Agora tento aqui,desdobrar as minhas pernas,encontrar soluções para resgatastes: a inquietação da mente,não deixa.Bem,última tentativa,concentro-me e comprimo meus olhos a fim de trazê-la de volta com a famosa força do pensamento.Dou uma folga aos olhos e abro o esquerdo lentamente: não consegui,o amor acabou mesmo!
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Não é assim,minha flor
Me bate uma certa aflição do que pode estar acontecendo com você - o que na verdade,até agora não sei -mas consigo sentir seus passos curtos e intensos aparentando um certo cansaço,angústia.Sinto que em meio ao trânsito do Rio,tu sentas na calçada em plena hora do rush,abandonada e desfalecida.Eu tenho um medinho que a cidade te devore ou até mesmo que tu cesses a tua vida atirando-se na frente de lesmas.Eu tenho um medinho que tu dissolvas,atravesses aqueles ralos imundos e que simplesmente suma.Não digo sumir fisicamente e sim, que sumas da pior maneira : perdendo o prazer de viver.Eu sei que às vezes nos sentimos um tanto fracas,frágeis.Mas não é assim,minha flor.Tu chegas no seu lar e trancas seu corpo,alma e espírito à sete chaves e morres de chorar.Choras tanto quanto os finais de tarde em pleno verão carioca e repito não é assim,minha flor.Não deixes ninguém tirar essa vontadezinha de viver.Consegue pensar na gente,na nossa alegria ?Então minha flor,vem comigo.Deixa pelo menos eu tentar te ajudar.Eu sinto que existe pelo menos uma gotícula de vontade de ser feliz,uma gotícula de vontade de sair dessa.Lembre-se que pensar,amar é extremamente normal,agora desgostar de viver ? Será que realmente vale a pena rasgar as suas vestes em prol de um outro ser humano? Ah minha flor,nós,humanos,somos um tanto incertos,inconstantes e falhos e tenho certeza que não vale.Não tenha medo de ser feliz sozinha,minha flor.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Bye,ventinho
Me abandonava ali,observando e analisando a direção do vento,a movimentação dos membros inferiores de estranhos,os fatos ocorridos e suas consequências.Tudinho pela brecha desta janela fosca que ainda me sobraste.Sentada num sofá em posição inclinada e fabricado exatamente com o molde do meu corpo,soando um ar de flexibilidade e descanso.Ouvia atentamente vozes,sussuros,suspiros e a correria das pessoas.É um tanto complicado permanecer anos sentadinha aqui,inclinando o meu rosto sabiamente permitindo que sentisse aquele ar fresco e contentando-me com apenas 5cm de visão de mundo lá fora.Me sentia presa com trinta e sete correntes e vinte e três cadeados.Consegue me entender?Que vontadezinha de presenciar essas situações de uma forma mais intensa mas faltava-me bravura.Tudo uma questão de co-mo-di-da-de.Até que um dia desses,notei uma porta suavemente aberta à frente desta janela,analisei com um olhar àgil e rapidamente saltei do meu queridíssimo sofá e escapei por aquela porta na ponta dos pés movimentando os lábios,sem transmitir nenhum ruído : Bye,ventinho!
domingo, 1 de agosto de 2010
37,5
E quando o fim de semana chegava,eu não resistia.Com uma tremenda dificuldade,calçava meu predileto sapato dourado com a esperança de que eles dariam um descanso aos meus pés.Pura bobagem.Eu sintia falta da mobilidade que meus dedinhos tinham dentro deles;espremiam-se,encolhiam-se,brigavam entre si e suavam.E agora? Meu único e predileto sapato não cabe mais em mim. Na verdade,a minha ida aos shoppings centeres à procura de um novo sapato - amor - foi em vão.Não acho sapatos com meu número.Não acho ninguém que encaixa-se comigo.Trinta e sete e meio.37,5.Agora entendo porque são únicos.Meus sapatos não são calças de strecth.Sim,as calças de strech se moldam ao corpo.Sim,os pés se adaptam aos sapatos.Mas quando as pernas crescem ?Mas quando os pés crescem ? As calças encurtam,os pés não entram nos sapatos.Chega uma hora,que eles apertam tanto,mais tanto que a única opção é renunciar.Nossa,e como me doí re-nun-ciar.Enquanto isso,ando com o contato direto no chão,na areia - que maravilha de contato.Sem qualquer pressa para comprar sapatos novos,amor novo.O coração cresce.Às vezes é até difícil diferenciar o amor da comodidade.Talvez um dia,nomeei a comodidade em amor,paixão,coração acelerado,frio na barriga,consideração e outras coisas boas mais.
sábado, 17 de julho de 2010
Cachos
Com Ana Stefana e Bruno Almeida
É bem legal o fim de tarde daqui, não é? Ela respondeu que era sim, assim como em todos os outros lugares. Justo quando não se vê mais o sol, mas ele ainda teima em iluminar e deixar aquele céu laranja, ou então em tons degradê: do azul mais claro e risonho no horizonte e vai escurecendo até achar o breu do céu lá no alto junto com algumas estrelas lingínquas.Ela me olhou sorridente,apontou com o indicador direto ao horizonte e me interrogou com trilhões de perguntas sem respostas.Minhas mãos,pernas,unhas e cabelos tremeram.Suspirei por três vezes.E passei a enrolar meus cachos desde dos fios até o couro cabeludo.Enrolando e desenrolado.Talvez assim,ela não mais repare que ficara sem explicações,sem respostas.Difícil foi desviar sua atenção do horizont e direcionar para meus cachos dourados e com tanta facilidade aprendestes a enrolar com seus próprios dedinhos - até mesmo com o indicador direito - meus cachos,que hoje,adquiriram a mesma tonalidade que o sol deixa todas as tardes aqui em Florianópolis.
sábado, 22 de maio de 2010
Normalíssimo
amores.Foi observado nos meus últimos meses resíduos de : ME AME POR FAVOR.Balela.Ligar todos os dias,deixar bem claro que precisa ser amada.Nada disso funciona mais.É justamente ao contrário.Não ligar nenhum dia,deixar nada claro.Ai sim,corre porque o bicho pega.O telefone toca sempre,os convites ficam pendentes.Essa minha mania de algum tempo atrás agora me faz ri.Hoje eu penso duas,três ou quatro vezes antes de ligar e às vezes,nem ligo.Isso me fez criar um imã imaginário com os amores,com os homens.Hoje,a insegurança me diz exatamente em que ser eu me tornei.Hoje,a insegurança me diz exatamente qual espécie de barreira eu conquistei.Hoje,eu analiso e reanaliso se amar é mesmo uma emergência pessoal.É fundamental ressaltar outra vez que o interessantíssimo passou a ser normalíssimo.