Eu me vejo de cabelos brancos,sentadinha em uma cadeira em movimento vem-e-vai e sobretudo,escrevendo.


(Ana Stefana Lisboa)

quinta-feira, 19 de março de 2015

Crise de paradigmas

A crise de identidade me traz de volta aqui.
Me faz sentar na "cadeira do pensamento" daquela minha infância.
Minha mãe costumava fazer isso:
- Fica de castigo aí. Repensa o que você fez!
Dessa vez, sento bem voluntariamente. Sem repensar em alguma falha exata.
Penso.
Repenso. Tudo.
Refaz.
Desfaz. Tudo.
Apronta.
Desmonta. Tudo.
Tudo. Em, Um. Piscar. De. Olhos.
A impressão de que ninguém tenha um ponto fixo.
As cenas se fazem e se desfazem tão facilmente.
A vida muda de rumo da noite para o dia.
Tão natural, tão sem controle.
Corrida nos bastidores para o próximo espetáculo.
Ensaiamos o enredo que nem sabemos quem seremos.
Defendemos princípios e doutrinas sem indagar.
Sem voz.
Só aceitamos o que nos é posto.
E os índios chegaram ao Brasil, antes mesmo de Cabral. Entendeu?
Abraçamos a receita do bolo já pronta.
O minucioso não é explorado.

Ainda bem que, depois da crise de paradigmas, chega a conclusão. Ou não.