Eu me vejo de cabelos brancos,sentadinha em uma cadeira em movimento vem-e-vai e sobretudo,escrevendo.


(Ana Stefana Lisboa)

quarta-feira, 15 de junho de 2011

No ponto "P" do palco

Pois bem : acalma-se.Não acontecerá nada demais.Eu sei,eu sei que o coração não para de responder com mil batimentos por minuto,é porque faz um bom tempo que não sabemos o que é isso.
(Dei conta do público à minha volta)
Gaguejei sem perceber,encolhi a roupa,amassei o vestido como uma criança indefesa que mal sabe como agir nessas ocasiões e realmente não sei não é,coração ??
-Acerte os passos,desamasse o vestido e sorria - gritou o coração.
Pois é,o coração agora dá ordens.Acertei,desamassei e sorri.Olhei fixamente a platéia,uns me passavam certo desgosto,quanto aos outros,ah outros,sorriam felizes.Olhei para os bastidores e notei que há dois minutos atrás,eu estava lá como os outros,roendo as unhas,vestidos amassados,rodopiando em torno de si e ainda mais,aguardando a sua vez.E agora,eu aqui,parada no ponto P do palco.Ainda rôo as unhas - é,eu sei,ninguém precisa saber desta questão.
- Não é,pessoal ? Ninguém precisa saber que ainda rôo as unhas,é que faz um bom que,que,que,que( gaguejo sem parar) que não sei lidar com o público,platéia,todos me olhando -pensei alto.
Por um instante,pensei que isso tudo fosse um sonho,sabe quando sonhamos de olhos bem abertos? Atentei-me para os lábios de alguns,os quais gritavam convictamente que nada disso era um sonho,é sim,uma realidade tão real quanto o palco. Coube a mim,apresentar-me sem o menor pudor,ensaiar o roteiro e atuar na peça eterna com um grande protagonista: O amor.