Eu me vejo de cabelos brancos,sentadinha em uma cadeira em movimento vem-e-vai e sobretudo,escrevendo.


(Ana Stefana Lisboa)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O cansaço de um mestre

"E hoje eu percebi que
em quase tudo eu vejo um
texto.Faço a junção com
palavras e emoções
meramente reflectivos[..]"
Foi quando aquele professor,ou melhor,O Mestre graduado em Letras,reconhecido profissionalmente e recuperando-se de um pós-operatório,entra em minha sala empurrando seu corpo graças as suas últimas energias de vida.Em silêncio,direciona-se ao tablado com um andar cansado com cerca de cinquenta e tantos anos;ele explica a sua demora.Diabético e quase cego.Eu não consigo imaginar o que leva um educador a estar aqui em cacos,fazendo leituras com lupas,o porquê dele não estar repousando.Talvez eu esteja exagerando.Mas foi essa a mensagem que ele me passou:Um cansaço de vida.Me fazendo pensar como eu poderia estar com a sua idade aqui a algum tempo.Ele finaliza seus cinquenta minutos de aula com uma despedida conhecida por todos:"Bom dia para todos,ótimo fim de semana,saudades...";dando a entender que nos encerramentos de suas aulas,ele sempre pronuncia essa frase e logo após uma canção."E cadê a música?" - um aluno pergutou e com um suspiro fadigado meu educador responde:"Não,não existe mais música,meu amigo,agora é só decadência".Automaticamente,eu peço a Deus esse seu esforço acompanhado desse profissionalismo e competência desse Meu Mestre e imploro que esse seu cansaço físico e o desgosto pela vida não me alcance nos meus meados cinquenta e tantos anos.
“Viver agora é tarefa dura. De cada dia arrancar das coisas, com as unhas, uma modesta alegria; em cada noite descobrir um motivo razoável para acordar amanhã.”
(Caio Fernando Abreu - Caio 3d)

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